Uma das mais antigas formas de Carnaval é o entrudo,
cujo primeiro relato se deu em Pernambuco, em 1553. Trata-se de uma brincadeira
de influência portuguesa, em que os foliões se sujam uns aos outros atirando
polvilho, pó de sapato, farinha de trigo ou limões de cheiro (limões recheados
de água e urina).
Em 1854 o entrudo tinha de “ser seco para não estragar as roupas mais custosas
e cuidadas dos nobres e não provocar desordens e confusão”. O entrudo a seco se
transformou no Carnaval.
Os ranchos eram cortejos praticados principalmente pelas
pessoas de origem rural.
Baiana desfila nos anos 1960: ecos das origens
(Marcel Gautherot/Acervo IMS)
O
sapateiro português José Nogueira de Azevedo Prates, o Zé Pereira, saiu pelas
ruas tocando bumbo em 1848. Pessoas foram se juntando a ele e deram origem aos blocos
de rua. O desfile de blocos de rua durante o Carnaval carioca
foi autorizado apenas em 1889.
O
primeiro bloco organizado brasileiro foi o Congresso de Sumidades Carnavalescas,
fundado pelo escritor José de Alencar em 1855. Nessa época, a folia era
vinculada às elites. Os desfiles eram luxuosos, compostos por carros bem
ornados, mulheres bonitas e grupos musicais estruturados.
No Brasil o início da festa é conhecido como “grito de
carnaval”. Antigamente os clubes promoviam festas pré-carnavalescas com este
nome. Nessas festas as pessoas iam fantasiadas e cantavam e dançavam ao som de
marchinhas de Carnaval.
As marchinhas de
carnaval surgiram
no século XIX, cujo nome originário mais conhecido é o de Chiquinha Gonzaga,
bem como sua música O Abre-alas.
Diferentemente
do frevo e do samba – de caráter popular -, as marchinhas
de carnaval surgiram
como ritmo executado prioritariamente nos salões cariocas do final do século
XIX. Elas tiveram sua ascensão ao mesmo tempo em que a classe média aumentou sua participação nos carnavais de
rua.
Ao longo do século XX, o carnaval popularizou-se ainda
mais no Brasil e conheceu uma diversidade de formas de realização, tanto entre
a classe dominante como entre as classes populares. Por volta da década de
1910, os corsos surgiram, com os carros conversíveis
da elite carioca desfilando pela Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Tal
prática durou até por volta da década de 1930.
A
marchinha Jardineira foi composta em 1938 e apareceu na
comédia musical “Banana da Terra” (1939), que tinha no elenco Carmen
Miranda, Oscarito e Emilinha Borba.
As marchinhas conviveram em notoriedade com o samba a
partir da década de 1930. Uma das mais famosas marchinhas foi Os cabelos da mulata, de Lamartine Babo
e os Irmãos Valença. Essa década seria conhecida como a era das marchinhas.
A palavra samba foi utilizada
pela primeira vez em 1838, pelo frei Miguel do Sacramento Lopes da Gama. O nome
apareceu em uma quadrinha publicada na revista pernambucana “Carapuceiro”. Na
ocasião, o termo foi usado para distinguir um dos tipos de música introduzidos
pelos escravos africanos.
O nome do ritmo é de uma língua africana chamada banto,
falada em Angola. Há duas versões para sua origem: ou ela deriva do termo samba
(bater umbigo com umbigo), ou é uma junção de sam (pagar) e de ba (receber).
Nas antigas rodas de escravos se praticava a umbigada, dança em que dois
participantes davam bordoadas um no baixo-ventre do outro.
Foi na Rua
Visconde de Itaúna, próximo a Praça Onze, que nasceu o samba. Uma roda de
amigos improvisava versos na casa de uma das moradoras do morro, a tia Ciata
(Hilária Batista de Almeida). Em 6 de agosto de 1916, o grupo criou a música O
Roceiro, que caiu no gosto do povo. O samba somente surgiria por volta da década
de 1910, com a música Pelo Telefone,
de Donga e Mauro de Almeida, tornando-se ao longo do tempo o legítimo
representante musical do carnaval.
Na
década de 1920, o samba começou a se firmar no mercado cultural do Rio de
Janeiro. Surgiam as primeiras indústrias nacionais de discos, e os bailes
carnavalescos estavam em alta. Os compositores Sinhô e Caninha foram os
primeiros a entrar na cena.
Entre
as classes populares, surgiram as escolas de samba na década de 1920. As primeiras
escolas teriam sido a Deixa Falar,
que daria origem à escola Estácio de Sá, e a Vai como Pode,
futura Portela. As escolas de samba eram o desenvolvimento dos cordões e ranchos.
A primeira disputa entre as escolas ocorreu em 1929.
Em 1928, o compositor Ismael
Silva reuniu os principais sambistas do bairro carioca do Estácio. Eles
formavam uma roda de samba em frente à antiga Escola Normal. Por isso o nome
“escola de samba”. Fundada oficialmente em 12 de agosto de 1928, ela foi
batizada de “Deixa Falar”.
A “Deixa Falar” já apresentava o casal que empunhava a bandeira do grupo
conhecido como pavilhão. O mestre-sala e a porta-bandeira são remanescentes dos antigos ranchos,
grupos anteriores à escola de samba.
Em 1930, surgem Noel Rosa e
Ary Barroso, que levam o ritmo popular às classes médias. É também nessa época
que são criadas variações do samba como samba-canção, samba-choro, samba de
breque e samba-enredo.
A
principal festa do carnaval fora de época brasileiro é a micareta,entretanto,
não foi o Brasil que a inventou. A festa vem da França do século XV, onde era
conhecida como “mi-carême” (“meio da quaresma”). O evento acontecia durante os
40 dias de penitência impostos pela Igreja Católica.
- A primeira micareta brasileira ocorreu
no início do século XX, em Jacobina, interior da Bahia. O nome “micareta”
surgiu em 1935, depois de um plebiscito feito pelo jornal “A Tarde”. Fora da
Bahia, a primeira que se tem notícia é a Micarande, realizada em Campina
Grande, na Paraíba, em 1989.
O abadá,
roupa usada pelos micareteiros, tem sua origem na cultura afro-brasileira. Os
abadás eram as vestimentas usadas nas celebrações do candomblé. [Mais tarde, o
termo passou a designar a roupa dos capoeiristas.]
Na Bahia, os primeiros afoxés surgiram na virada do século XIX para
o XX, com o objetivo de relembrar as tradições culturais africanas. Os
primeiros afoxés foram o Embaixada Africana e os Pândegos da África.
SECOM | Secretaria de
Comunicação Social da Bahia
Por
volta do mesmo período, o frevo passou a ser praticado no Recife, e o maracatu ganhou as ruas de Olinda.
Folha Imagem & Pernambuco Cultural 2012
Em
1950, na cidade de Salvador, o trio elétrico surgiu após Dodô e Osmar utilizarem um
antigo caminhão para colocar em sua caçamba instrumentos musicais por eles
tocados e amplificados por alto-falante, desfilando pelas ruas da cidade. Eles
fizeram um enorme sucesso.
O
trio elétrico conheceria transformação em 1979, quando Morais Moreira adicionou
o batuque dos afoxés à composição. Novo sucesso foi dado aos trios elétricos,
que passaram a ser adotados em várias partes do Brasil.
As
escolas de samba e o carnaval carioca passaram a se tornar uma importante atividade comercial a partir da década de 1960.
Empresários do jogo do bicho e de outras atividades empresariais legais
começaram a investir na tradição cultural. A Prefeitura do Rio de Janeiro
passou a colocar arquibancadas na avenida Rio Branco e a cobrar ingresso para
ver o desfile.
Em
1984, foi criada no Rio de Janeiro a Passarela do
Samba, ou Sambódromo, sob o mandato do ex-governador Leonel
Brizola. Com um desenho arquitetônico realizado por Oscar Niemeyer, a
edificação passou a ser um dos principais símbolos do carnaval brasileiro.
O
carnaval, além de ser uma tradição cultural brasileira, passou a ser um
lucrativo negócio do ramo turístico e do entretenimento. Milhões de turistas
dirigem-se ao país na época de realização dessa festa, e bilhões de reais são
movimentados na produção e consumo dessa mercadoria cultural.
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